Bem-vindo ao blog Ler faz a minha cabeça!
Somos um grupo de professoras envolvidas no aprimoramento das competências leitora e escritora em contexto digital. Questões relativas à leitura/escrita e aos gestos de ler e escrever vêm sendo muito discutidas. Hoje, mais do que nunca, a formação de leitores/escritores competentes é fundamental em nossa sociedade que exige cidadãos aptos a desenvolver sua própria aprendizagem. Visite o blog Ler faz a minha cabeça e mergulhe num mundo inventado a partir da observação da realidade, pela imaginação do escritor. Você está convidado a caminhar conosco porque nosso desejo é que você leia e goste de ler. Que você aproveite e leia para alguém. Ou que simplesmente experimente o puro prazer de ler. Que esse blog seja seu companheiro e que ajude a construir na sua imaginação uma viagem que será só o começo de outras.

quarta-feira, 12 de junho de 2013


 Depoimentos de Leitura e Escrita

Débora Maria Gonçalves Rodrigues Nogueira

        Sou a quarta filha de um casal com cinco filhas, temporã, que observava as irmãs mais velhas passarem o dia cercadas de livros e, com quatro anos, desejava imensamente ler. Minha mãe, na sua sábia ignorância, pois havia frequentado poucos meses a escola, com o pouquinho dinheiro que tinha, comprava-me na banca de uma cidade vizinha, uma revistinha de colorir. Eu lhe reclamava que a revistinha não continha palavras e que eu desejava ler. Ela então me dizia: "Aproxime seu pensamento daquilo que você vê e leia para ouvirmos a história que esse desenho conta". Quanta sabedoria... Colocou-me como ouvinte na escolinha municipal e com cinco anos eu estava alfabetizada, lia e escrevia de forma tão pedagógica que chegava a passar exercícios aos colegas no caderninho de caligrafia. Nas séries iniciais, tive por dois anos a mesma professora, D. Rachel, que nas comemorações cívicas designava-me como oradora oficial, fato que por mim era aguardado com muita ansiedade, noites e noites dizendo à minha mãe que não estava conseguindo dormir porque precisava saber qual texto leria em público. Tinha certeza de que seria a escolhida dela. Recebi um certificado de frequentadora assídua da biblioteca da escola, porque li todos os títulos da Coleção Monteiro Lobato, mesmo porque a televisão apresentava O Sítio do Picapau Amarelo, pela primeira vez, e eu tinha que ter a certeza de que a adaptação não sofreria alterações.  Minhas irmãs mais velhas, já trabalhando, presenteavam a mim e à caçula, livros que eram nossos maiores tesouros, objetos de inveja entre as amigas, mas que eram compartilhados ao sabor de uma boa pipoca preparada por meu pai. Saudades...
        Espero ser inesquecível para meus alunos. Aprendi com o passar dos anos a escutar e ouvir, tanto com os olhos quanto com os ouvidos. Tento perceber o que não foi dito, descobrir novas fontes de saberes, de amizades, de novos livros, de assuntos diversos. Mantenho o sinal verde de minha mente sempre ligado, sempre aberto. Tenho atitudes positivas e otimistas. Isso ajuda a realizar objetivos. Vejo a criatividade não como um dom especial que só algumas pessoas têm. Podemos desenvolvê-la se buscarmos continuamente a informação sobre tudo que nos cerca, se tivermos sensibilidade para as coisas que acontecem à nossa volta e curiosidade para descobrir o que se esconde nas aparências dos objetos, dos fatos e das pessoas. Com meus alunos, construo grandes aprendizagens através de pequenas aprendizagens diárias.


Edivaldina Silva de Oliveira

             Comecei a gostar dos livros escutando as histórias que minha avó contava na varanda de nossa casa, na Rua da Fonte, perto da jabuticabeira de seu Maurício.
         E que repertório! Das carochinhas de Pedro Malasartes às lendas de Monteiro Lobato. Algumas histórias me alegravam, outras me entristeciam, até me amedrontavam.  E foi assim que as primeiras letras, como se dizia, passaram a fazer parte de meu mundo infantil, com heróis, príncipes e princesas, sacis, lobisomens e gatas borralheiras.
           Aos seis anos, no Internato,  já sabia ler e escrever garatujas, como dizia minha avó. As freiras  eram  rigorosas  com  o  abecedário  e  com as rezas. E eu era boa na leitura do Catecismo. Nessa época, ganhei um lindo catecismo, todo branquinho. Adorava aquele livrinho com Nossa Senhora de Fátima, de branco e dourado na capa.
         Mas foi no Grupo Escolar que conheci professora Rizoleta, ou Zozó para os íntimos. Com ela tinha leitura de todo jeito: de cor e salteada, oral, cantada. Através dela, conheci o esconderijo de Ali Babá e seus quarenta ladrões, a magia da lâmpada de Aladim, e as maravilhosas peripécias de Sherazade. Adorava essa literatura que me transportava aos tapetes voadores do oriente.          
         Assim foi meu ponto de partida para devorar gibis, fotonovelas, José de Alencar, Machado de Assis, Bernardo Guimarães entre tantos outros.
         Hoje, refaço essas experiências para os alunos e para os meus netos. E como eles gostam!

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